sábado, 6 de agosto de 2011

Ismos


Irresistível tentação metafísica
Irredutível atração metafórica
Sensível comoção metódica

Dores locais e doenças infernais
São sofridas por seres racionais
Absolutamente sensuais e carnais

Insólito coração partido em vários
Ismos milimetricamente fundidos e
Cunhados nessa parafernália de ermos

Capto e torno-me adepto do infinito
Colírio de absinto extinto da boca
Que suga o beijo íntimo e distinto

Ismos são exageros alados de um povo
Que na sua elevada contemporaneidade
Reinventa conceitos quase perfeitos

Atento à próxima página do livro
Assusto-me contido por não decifrar
Nem sequer algum dos ismos ridículos

Minimalismo
Eufemismo
Determinismo

Mais do que três ismos me matam
Por isso encerro meu corpo absorto
Na cama esdrúxula do quarto escuro


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Novo Amor


Tu convidaste-me à tua casa longínqua
Cuja lama antecipada na porta da rua
Quase de ti esquivar fazer-me ia

Noite chuvosa de primavera
Cujos relâmpagos inúmeros
Assustam-me enquanto olho-ti
Rijo na cama minúscula
Que tenta conter-nos imensos

Hoje ao teu lado moreno
Sagrado na mais pura beleza
Encanto-me fugazmente
Com teu olhar intenso
Protegido por grossas sobrancelhas
Embebidas no bálsamo do meu olhar
De amante sagaz
À procura do teu desejo mordaz

Nesse emaranhado de imagens vorazes
Você constitui-se em meu mais novo
Encanto de vozes pujantes no berço
Do meu destino menino
Que sempre buscou por ti
Em criativas sacanagens oníricas


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Entro no Bar Depois da Meia-Noite


Entro no bar depois da meia-noite
A caipirinha forte como um açoite
Me deixa zonzo, puramente lerdo
Quase entro em transe, fico louco

Entro no bar depois da meia noite
Quero me fartar de álcool, bebidas
Sentir o intenso, o máximo deleite
Provocado pelos olhares e deixas

Entro no bar depois da meia-noite
Pr’apunhalar com meu olhar de lady
Uns gêneros de olhar branco, leite
Olhar inebriante, raios, luz em feixe

Entro no bar depois da meia-noite
Para esquecer que amanhã cedo
Acordo entediado, calado e bobo
Pr’enfrentar novo dia de trabalho


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira

terça-feira, 19 de julho de 2011

Poema Zero




Hoje em dia
Tudo é zero

Coca-cola zero
Fome-zero
Preconceito zero

Esse país de terceiros
Acostumou-se a viver
De enganos verbais

Por isso...

A bebida não engorda
O povo não passa fome
E os medos não existem

Assim...

Hoje não quero mais nada
Além de um poema zero
Pr’essa nação desgovernada
Ter um pouco de esmero


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira


terça-feira, 12 de julho de 2011

Preciso Chegar a Tempo



Preciso chegar a tempo
Ao trabalho que não pode esperar
Ao médico que vai me analisar
Preciso chegar a tempo

Preciso chegar a tempo
À sala de aula desejosa
De puro contato humano
Preciso chegar a tempo

Preciso chegar a tempo
Quando não há mais tempo
Quando esperar não pode o tempo
Tempo, tempo, tempo...

Preciso chegar a tempo
Esse que rápido passa
Que a todos ultrapassa
E que sem graça passa

O tempo deixa todos para trás
Consome homens, mulheres,
Ninguém escapa ao capataz
Nem mesmo a alma vivaz


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira

sábado, 2 de julho de 2011

Elo Entre Nós


Ando com uma vontade de ti
Do teu ar de dúvida em minha pele
Daquele arrepio antes do abraço
E do beijo de língua em minha nuca.
A falta de ti me enfraquece.
Endurece, enrijece a face alegre.
Venha pra cá sentar-se no meu colo
Forme comigo um elo amarelo
Venha! Vamos embora!
Iluminemos esse mundo moribundo!


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira

Homens de Marte


Homens nas festas
Homens nas pistas
Homens intensos
Sarados, imensos
Nem sabem que tesos
Deixam teus desejos

Homens morenos
De olhos castanhos
Nas praças, nos cantos
Escuros das cidades
Nem sonham que verdes
Deixam os teus olhares

Homens perversos
Complexos, de Ares
Nas casas, nos bares
Encantam mulheres
Na troca de olhares
Depois desaparecem
Pra outros lugares


Autor: Lauro Sérgio Machado Pereira