domingo, 13 de fevereiro de 2011

Minhas Mães e Meu Pai: Diretora de "Laurel Canyon" expõe a hipocrisia de mais uma parcela liberal de Los Angeles

Annete Bening e Julianne Moore interpretam casal de lésbicas.

              Se Laurel Canyon (2002), o filme mais conhecido da roteirista e diretora Lisa Cholodenko, apontava um pouco da hipocrisia no círculo artístico de Los Angeles, em Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010) ela amplia seu olhar sobre o universo liberal da cidade, até uma família não tradicional.
              Casadas há quase 20 anos, Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) conceberam os seus dois filhos, Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska), por inseminação artificial. Joni vai completar 18 anos, está na hora de se mudar para o campus da faculdade, e por legislação já tem idade para solicitar à clínica médica os dados do homem que doou o esperma. É Laser quem implora a Joni para procurá-lo. Os adolescentes descobrem então Paul (Mark Ruffalo), e a ordem na família entra em desarranjo.
              O retrato começa caricatural, e antevê um filme muito mais propenso à comédia do que ao drama. Todos os clichês liberais da Costa Oeste estão lá: o casal lésbico bem resolvido na cama, com seus vinhos e seu carro não poluente. Paul é o típico self-made man, adepto do amor inter-racial e dono de um restaurante que tem a sua própria horta de orgânicos. Já com Laser e Joni, como diz o título, "está tudo bem" - eles ainda não criaram para si uma persona de êxito e felicidade.
              É com a entrada de Paul na equação, desregulando as diferenças entre Nic e Jules, que a diretora começa a revelar a complexidade da escolha que o casal fizera 18 anos atrás. Todo casamento é complicado, mas um casamento no formato de Minhas Mães e Meu Pai é ainda mais. A certa altura, o que mais se escuta é desabafo, fuck-yous generalizados, e pequenas hipocrisias afloram (é óbvio que vai sempre sobrar para latinos e negros).
              Apontar o dedo para a aparente normalidade da família americana - neste caso, o modelo moderno de família - não é novidade no cinema independente de Hollywood. O trunfo de Minhas Mães e Meu Pai é o seu elenco. Annette Bening encontra o tom certo da lésbica masculinizada e Julianne Moore, como sempre, traz fragilidade para a composição de sua personagem. É Julianne o norte do filme, enquanto Ruffalo nunca fez tão bem o seu recorrente papel de homem sensível ideal.
              Com as crianças continua tudo bem. Filmes como Minhas Mães e Meu Pai, onde se entra com leveza e sai-se com a alma lavada, flertam com a ruptura mas estacionam na discussão de relacionamentos - o que não deixa de ser uma postura de conforto.
              Discussões à parte, o filme vem fazendo bonito em festivais. No Globo de Ouro deste ano recebeu os prêmios de Melhor Filme de Comédia ou Musical, Melhor Atriz em Comédia ou Musical para Annette Bening. No próximo dia 27 de fevereiro o filme concorre ao Oscar em 4 categorias: Melhor Atriz para Annette Bening, Melhor Ator Coadjuvante para Mark Ruffalo, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme. Certamente levará o prêmio de roteiro devido ao frescor da narrativa que em nenhum momento se deixa cair na pieguice de muitos roteiros existentes por aí que tratam do tema da homoafetividade. Vale a pena conferir de verdade!
Com adaptações a partir do texto de Marcelo Hessel do http://www.omelete.com.br/

O s irmãos Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska),  e seu pai Paul (Mark Ruffalo).
             
             

Consulte o site oficial do filme e divirta-se! http://www.filminfocus.com/the_kids_are_all_right

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